segunda-feira, 9 de março de 2009

Bistrô 66 - na verdade, meio, meio...

Faz tempo que não escrevo, tempo mesmo...
Problemas, aporrinhação, falta de saco.
Se fosse profissional, ia ter que escrever de qualquer jeito, mas neste caso, posso me dar ao luxo. Ainda não peguei a febre do blogger.
Por coincidencia, no ultima postagem mencionei o Troisgrois. Pois anteontem fui lá no bistrozinho dele, tocado pelo Thomas, e que há cerca de um ano entrou para a Associação da Boa Lembrança. Como conheço o sistema, dei uma olhada no Prato e fugi dele: muito poucos restaurantes da Associação deixam uma boa lembrança com o Prato da mesma, hehe.
Por mais coincidencia, o Troisgros estava casando neste mesmo dia.
O restaurante é uma gracinha, muito aconchegante, e se não fosse uma mesa de oito ao nosso lado, berrando como se estivessem no Maraca, o jantar teria sido muito tranquilo. Estava quase lotado, mas com muita gente de saida: pegamos a ultima mesa, muito ruim, na porta da cozinha. Depois de umas tres esbarradas de garçon nas minhas costas, chamei o maitre e pedi para me arranjar outra mesa. Não demorou muito, e lá estávamos aboletados em mesa melhor (mas não tanto).
Este maitre trabalhou um bom tempo na Osteria del'Angolo, agora está no 66, mas me pareceu meio perdido, sem comando do salão.
Couverzinho básico, tem uma pasta de grão de bico gostosa, um pasta de beringela boa também e uma de peixe horrivel. Paezinhos e uns grissinis bem fininhos, uma delicia. Só cobraram um.
Pedi o vinho e escolhemos os pratos, um pargo na flor de sal para a DP e um linguado "belle meuniére" para mim. É claro que o branco que eu escolhi, um sauvignon blanc, estava em falta. Conversa vai, conversa vem, troquei por outro sauvignon blanc da carta, mais caro um pouquinho: nem guardei o nome.
A turma da cozinha devia estar a todo o vapor, nossos pratos sairam bem antes do vinho chegar. Meu linguado estava meio esturricado, bem anos sessenta, nadando na manteiga do molho. Bem feito, só porque as lembranças são boas não quer dizer que a comida fosse. Em cozinha, muita coisa que eu gostava há trinta e tantos anos atrás já não me encanta tanto.
Embora o ponto do peixe tenha passado antes dele chegar à mesa, estava gostosinho, bem temperado. Entre devolver e talvez receber outro igual depois que a DP já tivesse terminado o prato dela e ficar com ele assim mesmo, optei pela segunda. O peixe dela estava correto, o vinagrete de limão delicado e gostoso. Podiamos escolher entre dois acompanhamentos: arroz ou batata crocantes. Pedimos um de cada, mas o arroz, com uns grãos fritos e pipocados misturados, dava de dez nas batatas chips.
Acabamos o vinho e os anos sessenta continuavam a me assombrar: pedi um Crepe Suzette de sobremesa. Fora a pirotecnia da preparação, que eu sempre gosto de ver, uma decepção. Os crepes estavam se desmanchando, o licor da flambagem certamente era Cointreau nacional, e ainda tinha um creme patissier ralo perdido no meio dos crepes, tadinho, completamente deslocado.
Na falta de um vinho de sobremesa que combinasse, acabei pedindo um Rivesaltes (não guardei o nome do produtor) tinto, só para conhecer. Esta apelação faz vinhos doces naturais tintos de Grenache (faz brancos também, de Malvoisie, entre outras). Dinheiro jogado fora, ô vinhozinho safado!
Resumo da Ópera: 280 contos por dois peixes, um vinho razoavel, uma sobremesa e um vinho de, safados os dois. CARO!!!