quinta-feira, 30 de abril de 2009

MOK

Mais uma casa espertinha na Dias Ferreira.
Dos mesmos donos do Mini Mok, que só conheço de passagem, o Mini Mok gerou grande expectativa, pela demora em abrir, e pelo fato da cozinha estar sob o comando de um chef francês, o Pierre Landry, talentoso e temperamental chef (pessoalmente, é uma simpatia).
Trata-se de uma “sakeria”, uma casa dedicada ao consumo do saquê: são treze saquês importados e apenas dois nacionais. Não tem Namá, nem o “sakelier” da casa parece conhecer o produto, um saquê não pasteurizado, de curta duração (15 dias +/-), bem frutado e levíssimo. Mas esta é uma parte da história a cujos detalhes já chegarei.

A decoração é toda asiática, cadeiras e mesas importados de Bali, um sushi bar e balcão de bebidas à esquerda, na entrada. À direita estava um DJ, quando passei por lá outro dia (entrei para conhecer, mas não fiquei), mas ontem ele não estava.
A recepcionista, uma mulata alta, bonita e elegante, também não estava na porta quando entramos (me pareceu que estava conversando com o pessoal da porta do restaurante vizinho). Whatever.
A frente estava meio cheia, e preferi ver como estava nos fundos.
Entre os dois salões fica um bloco com os banheiros sociais e a cozinha.
O banheiro de homens é transadinho, mas não tem toalheiro para as mãos! Tive que enxugá-las com papel cai-cai (higiênico interfolhado, pra quem não sabe), de um dispensador colocado de forma que só é facilmente acessível pra quem estiver sentado (na privada), o que não é o caso para a maioria dos homens, que só vão ali desaguar, né?
Nos fundos havia um ou dois casais, mas ainda há uma parte externa super simpática, decorada com plantas e uma enorme cabeça de Buda no meio de um laguinho. A cabeça também foi trazida da Ásia, pesa umas duas toneladas, e do seu topo escorre água até o dito laguinho.
A DP escolheu uma mesa na parte de trás, perto da saída da cozinha.
A iluminação é meio estranha, os focos estão fora das mesas, e como o menu (e a carta de vinhos, e a carta de saquês, todos muito chiques) tem umas letras mínimas, e a tinta é clariiiiinha, num papel num tom cru, tive que ficar me esticando para colocar o cardápio na luz e conseguir ler.
A carta de vinhos é ridiculamente pequena (dezenove rótulos ao todo, todos bem carinhos!) para o local e a qualidade da cozinha que ele pretende (e consegue, como logo comprovaríamos) ter. “Os caras dizem que aqui é uma sakeria...” - confidencia um garçon, dando de ombros em desalento.
Pedi um vinho branco (a carta tem tres) e um amuse bouche gostosinho: miso-chiro com vongoles batidos, servidos num copinhoalto, com um top de chantilly (sem açúcar, claro).
Nisto nos chega à mesa um jovem frajola, com uns oclinhos bem “mod”, pedindo desculpas, porque não tinha vinho branco, quer dizer, tinha mas não tinha adega, portanto ele ia demorar muito para gelar, e se não nos importássemos, ele gostaria de nos sugerir algum saquê. Acho que ele é o “sakelier” da casa... Pelo jeito, não nos ia deixar demorar muito, se nem ia dar tempo para gelar o vinho!
Pensei bem, e como já havíamos bebido um espumante com amigos pouco antes, pedi um pichonzinho do tal saquê, do qual não guardei o nome. OK, baby, até que não era ruim, mas eu teria preferido um mais leve. Já o pichonzinho era muito transado, não espanta que o nosso intrépido sakelier tenha se empenhado tanto em empurrá-lo para nós: uma tigela cheia de gelo, o pichonzinho encaixado nela, e ainda com uma cavidade que se enche com mais gelo, para manter a temperatura. Bacaninha, se achar por aí vou comprar um pra mim.
Conformados, dividimos uma entrada interessante, carpaccio de cavaquinha (eu achei que era de surubim...) com uma bavaroise de salmão defumado (cujo gosto a meu ver ofuscou os outros componentes do prato – a DP achou que não, fazer o quê?), um repique do chantilly do caldinho e ouriço do mar.
O saquê foi servido em copos de degustação, muito chique, nos explicou o sakelier, massô é coisa de restaurante chinês, voces sabem, né? Será que no Mr. Laundry usam massô?
E que vengan los platos! Opa, Venga é o bar de tapas que abriu quase em frente do Mok – tá na lista!
DP foi de vienoise de robalo (com crosta crocante, palmito grelhado e tomates confit), à qual não fez reparos, só elogios. Provei e concordei.
Eu fui de “Black Tuna” atum levemente grelhado com uma crostinha picante, servido com tempura de abacate. O levemente não foi tão levemente assim, e o atum estava mais para ao ponto, a não ser no meião. O tempura de abacate era meio insosso, tinha o toque crocante gostoso de tempura, mas o abacate precisava de um temperinho qualquer, do jeito que estava, aquecido e meio mole pela fritura, ficou gorduroso e sem graça. Não que não desse pra comer, mas com pequenas correções o prato poderia ser muito melhor.
E já que estávamos na chuva, resolvemos nos lambuzar de sobremesas: uma para cada um!
Ela, uma mousse de ovomaltine com caldas várias e UMAS PIPOCAS CARAMELIZADAS que sai da frente! Pena que só vieram umas seis pipoquinhas no prato! Eu, uma tartine de peras com amêndoas muito gostosa, a massa delicada, macia, o recheio muito bem feito (o patissier deles lá é um paraibinha de língua presa que é o bicho), acompanhada de compota de lichia e sorvete de creme. O sorvete destoou, deveria ser algo mais ácido, azedinho, sei lá, para se contrapor à untuosidade da massa e do recheio da torta.
A conta por favor! Carqué hora nóis volta!
Na saída, nosso serelepe sakelier nos pediu mais uma vez desculpas pelo vinho, será que ele se tocou?

terça-feira, 28 de abril de 2009

Casa da Suiça Revisitada

Sexta Feira, já tarde, tudo cheio na ZS, sugeri Santa Tereza.

"Muito Tarde!" exclamou a DP, "tenho medo de voltar de lá de madrugada!". A solução de compromisso foi a Casa da Suiça, aonde não íamos há tempos para jantar. Fomos mais na pilha da raclete que comemos outro dia num coquetel, lá mesmo, e foi exatamente o que pedimos de entrada: estava ótima, a viande de grison deles é macia, salgada no ponto certo.
Pediria um branco, ou um espumante, mas a raclete era só o preludio de um longo jantar, e em tempos de lei seca não convém dar muita bandeira, portanto, a tomar um só vinho, preferi um tinto do Médoc, safra 1998, (sisqueci o produtor - tenho que começar a tomar notas!). De cor rubi intensa, com refelxos já alaranjados, estava distinto, elegante, evoluido, e acompanhou, ou melhor, foi acompanhado pelos pratos a seguir muito bem.
Na continuação, fui de rim de vitela, e DP de carne em tirinhas, ambos regados naquele molhão típico, cheio de creme de leite, e acompanhados pela deliciosa roesti que eles servem. Acho que é o unico resturante que faz a roesti na hora, sem pre cozinhar ou escaldar as batatas. Isto faz toda a diferença.
Fui de rim porque é muito dificil de encontrar um restaurante que o sirva. Tenho saudade dos rins de vitela grelhado que constavam no primeiro menu do Guima`s, logo que abriu, e do falecido Alt Munchen, no Leblon, onde hoje é o Manekineko.
Preparados ã mesa, são uma atração à parte. Logo me pego conversando com a senhora da mesa ao lado, entusiasmada com a mise en scene da flambagem, e também fã de rins. Quando ela começou a elogiar a comida do Le Vin, entretanto, educadamente desconversei e voltei ao que interessava: DP e meu prato.
Aí vai a minha critica à Casa da Suiça: adoro a casa, mas sua cozinha parou no tempo. O visual da casa também é antiguinho, mas pode-se dar o desconto por ser uma cozinha temática, mas a insistencia nas abundancias de creme e de manteiga esbarra no gosto atual. Até eu que adoro pratos gordos, untuosos, fiquei enjoado com a quantidade de manteiga e creme de leite do meu molho (o da DP estava do mesmo jeito). Tive que ficar catando os pedacinhos de rim picado (muuuuito pequenininho!) e no final sobrou um monte de molho no prato, nem com um pãozinho deu para empurrar.
Vou voltar, claro, mas a partir desta vez serei mais seletivo nos pratos.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Perugino - Itaipava

Só para não passar em branco, breves impressões sobre o Perugino, restaurante italiano em Itaipava.

Feriadão de Páscoa, convite de amigos, lá fomos nós serra acima, para os lados de Itaipava. Fora os passeios a pé, basicamente ficamos em casa, a não ser por uma saída à tarde, com parada na Bordeaux, loja de vinhos e deli, com alguns belisquetes para enganar: os amigos não são muito de esbórnia, portanto peguei leve nos vinhos, escolhi um Cuvée Feuilles d'Automne 2002, importado pela Vitis Vinifera, que eu acho bem honesto e estava com um preço ótimo.

A outra saida foi à noite, acho que no mesmo dia, para conhecer o Perugino. Já se passaram muitos dias, e não fiz anotações, mas afora o look meio de churrascaria da serra na decoração, todo o resto estava muito bom. A carta de vinhos é imensa, cerca de 400 rótulos (tem uma loja de vinhos e uma pizzaria acoplados ao restaurante), e devido às escolhas variadas de prato (éramos cinco à mesa) achei melhor escolher um italiano mais leve, e acho que acertei em cheio no vinho, um Chianti Classico Brolio 2005, do Barone Ricasolli, a quem fui apresentado numa vinda dele ao Brasil patrocinado pela World Wine, e com quem tive o prazer de bater curto papo sobre vinhos. O vinho foi leve o suficiente para não brigar com as massas com molho de tomate da Generala e da DP, e elegante o bastante para acompanhar meu cabrito assado com risotto e o risotto de pato do Alemão.
Meu prato estava corretissimo: risotto no ponto, carne macia, molho generoso. Dei uma bicada no prato da DP, também estava OK, molho de tomate correto, acidez no ponto certo, massa fresca e recheio leves e saborosos. Não provei a massa da mãe do Alemão, mas ela disse que estava ótima (deixou metade...).
Voltarei sempre: bom serviço, carta de vinhos muito bem sortida, a preços bastante honestos, sommelier eficiente, sem firulas, pratos bem servidos... Tão raro encontrar um restaurante assim!

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Bistrot Orlandi

Acabei de chegar do Bistrot Orlandi, onde fui jantar com DP.
Já havia tentado conhecer a casa, mas dei com a cara na porta: todas as vezes, estava fechado.
Hoje dei sorte, a casa estava aberta. Liguei antes para reservar, mas nem precisava: éramos os unicos fregueses, numa véspera de feriado. Ô povinho brega, este do Rio de Janeiro!! Qualquer "botequim" safado deve estar lotado, mas lugares gostosos e com boa comida estão às moscas...
Qual será o problema? Será que o carioca tem medo de cozinha francesa, será que acha que vai ser roubado, ou que a comida será pouca, ou que será tratado com desdém?
Um monte da casas com comida horrorosa, pretenciosa, com serviço de merda, endeusadas pela crítica incompetente e parcial, estão bombando, e restaurantes bacaninhas, com proposta moderna, honesta e caprichada, estão às moscas. Vai entender...
Bom, vamos ao que interessa: não fui muito entusiasmado, pois quando liguei para saber do preço da rolha quase caí para trás: R$60,00, um roubo! Achei melhor deixar minha adega em paz e escolher um vinho da casa. A carta é pequena, só com vinhos franceses, e mais nada, mas muito bem escolhidos. Os preços são os do mercado, 100% de mark-up.
A casa é pequena MESMO: 14 lugares dentro (duas mesas de quatro e duas mesas de tres) e 16 (quatro mesas de quatro) na varanda. A musica de fundo é boa, a decoração discreta. No salão, só uma pessoa atendendo, acho que na cozinha deve ter dois.
O menu é curto, com poucas opções, mas interessante. Os preços dos pratos principais estão na média do mercado, mas as sobremesas e entradas são meio caras.
Olhei os preços das entradas e desisti de pedir uma, DP também. Ficamos só no couvert, com um sortimento de pães deliciosos, bolinhas de queijo de cabra, manteiga e caviar de berinjelas, que me lembrou o que era servido no Montagu, bistrozinho na Barra que fechou há pouco tempo (o do Montagu era mais gostoso, mas a aparencia deste era melhor).
Por sugestão do dono, uma bichinha muito simpática, escolhi um Chateau Puycarpin (Bordeaux Superieur) 2005. Safra boa, vinho bom: bastante típico, madeira discretissima, ainda violáceo, combinou muito bem com os pratos. Os copos eram muito pequenos, e a garçonete insistia em servi-los pela metade, acho até que ela não gostou muito quando eu falei para deixar na mesa que eu mesmo me serviria, azar o dela...
Para prato principal, escolhi um magret de pato com mousseline de nabo, purê de batata baroa com funghi e uma geléia que não consegui identificar, uma fruta vermelha qualquer, um pouco doce demais. DP escolheu um carré de cordeiro.
O magret estava no ponto correto, apenas pouco temperado. A mousseline de nabo tinha gosto de... nabo... com direito àquele cheiro de peido característico, mas misturando com a geléia ficou gostosa. O purée de baroa com funghi estava muito bom (faltou passar a batata mais umas vezes, pois encontrei vários grumos perdidos). O carré estava super macio, também curto de tempero, servido com um ragú de feijões brancos bastante saboroso, sobre uma forminha de cous-cous que estava bom para o meu gosto, mas muito amanteigado para o gosto de DP. Os feijões estavam ainda al dente, mas macios. Sobrou um pouco do prato dela, que eu matei.
A sobremesa, cara, estava uma bosta: deixei mais de metade. A conta, um pouco salgada, encarecida pelo vinho, pelo couvert e pela sobremesa, todos com preços acima da média.
Dá para voltar? Claro que sim, vou até recomendar a certos amigos que apreciam boa comida.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Chines versus japones

Outro dia deu uma vontade de comer comida chinesa: nada de Mr. Lam - gastar muito para comer mais ou menos. Ir até a Tijuca estava fora de qustão, portanto fiquei lembrando do chines da Rua Alice, que teve uma filial na Lagoa, onde se comia um pato assado servido com mandiopã muito gostosinho. Acho que lembrei dele por causa do mandiopã que vem na entrada do Sawasdee...
Que preguiça de ir até lá, Laranjeiras...

Nestas horas, viva a Internet, onde achei o site do Centro China- o próprio. Liguei, encomendei, e me preparei para comer uma comida chinesa honesta.
Enquanto esperava, abri uma garrafa de Cartagena Sauvignon Blanc 2005, um branco chileno muito agradável. Foi só o que prestou.
A comida estava literalmente intragável: o arroz colorido era PARBOILIZADO, acreditem se quiserem. O "colorido" era composto por uns pedaços e s p a r s o s de legumes, sem gosto de nada. Os rolinhos primavera, borrachudos em vez de crocantes, recheados com repolho e nada mais. O molho agridoce tinha vinagre e açucar em excesso, a gente chegava a lacrimejar, e o pato veio errado, ensopado com cogumelos, nadando num molho que era pura maizena (crua, além de tudo), em pedaços enormes, cozido além do ponto. O outro prato que pedimos, carne de gado com curry, estava abaixo de qualquer critica, o molho chegava a cheirar mal. Resultado: tudo pro lixo, não deu pra aproveitar nada. A saida foi fazer um sanduba de presunto (restos congelados do presunto de Natal) que foi a salvação. Só de raiva, abri outro vinho, desta feita um Malbec 2002 da Weinert, uma das minhas vinicolas preferidas na Argentina. Sobrou metade, que guardei para o dia seguinte.

Pra descontar, depois de matar a sobra do Malbec do dia anterior, fomos ao Azumi: não vou ficar enchendo a bola dele de novo, até porque não precisa. Comemos um usuzukuri de baiacu (catfish) ótimo. Não era fugu, mas tudo bem.
Depois pedi uma cabeça de peixe assada, mas estava em falta. No lugar, Jacki-san preparou para mim uma bochecha de olho-de-boi assada que estava melhor ainda do que a cabeça de peixe costuma ser. DP pediu um domburi-mono, o popular mexidão japa, com carne e cebola cortadas em tirinhas, arroz bem molhadinho e por cima aquela massa transparente de arroz. Acompanhamos com uma garrafa de Namá, o saquê não pasteurizado, levíssimo, que passou a fazer parte da carta do Azumi recentemente. Tudo dos deuses, como sói acontecer.
Kampai!

sexta-feira, 3 de abril de 2009

SAWASDEE - São Conrado

A convite de amigos, lá fomos, a DP e eu, conhecer o novo restaurante do Marcos Sodré e da Sandra.
Fica no Fashion Mall, com uma varandinha para a rua, muito simpática. A decoração é da Bel Lobo, que anda fazendo muitos restaurantes descolados na ZS, a meu ver todos muito parecidos, mas parece que o estilo agrada...
Convidados que éramos, não escolhemos nada - os pratos do menu confiance foram vindo para a mesa de acordo com as ordens do chef.
Provamos de tudo - dos mandiopãs crocantes servidos no couvert, passando por um tartare de atum numa cestinha de massa finíssima, muito gostoso e os pasteis indianos recheados com frango e acompanhados de um molhinho meio rosa, à base de iogurte, até os camarões no leite de coco com ervilhas e molho picante y otras cositas más. A sobremesa, que só eu quis, mas que todo mundo comeu, foi um brulée acompanhado de frutas frescas e açucar apimentado: o brulée em si, pela consistencia, estava mais para pudim, porém gostoso. Sinto falta do tempero do Montagu, bistrozinho que fechou na Barra, sempre um passinho adiante dos seus similares.
Os vinhos foram por minha conta: um Sauvignon Blanc 2002 chileno, da Hacienda Araucano (irmãos Lurton), levemente amadeirado, pujante, muito bom - pena que era a ultima garrafa, vai deixar saudades! - e um Marques de Caceres Rosé, gostoso também, mas sem a personalidade do anterior. Os dois vinhos são hoje raridades, o Araucano porque a safra é antiga, o distribuidor não tem mais, e o rosé porque a Marques de Caceres não tem mais importador no Brasil.
Provei uma tisana da longa lista de chás e infusões disponiveis na carta, de frutas vermelhas, muito boa.
Noite agradável, nossos anfitriões foram perfeitos, vai deixar saudades.

P,S.: o Sauvignon Blannc foi comprado recentemente, contra o conselho de meus colegas enófilos , para quem era arriscado comprar um SB chileno já com 7 anos. Bem fiz eu em não ouví-los, pois já tinha provado outros vinhos da marca e sabia do potencial de guarda dos mesmos.

Encontro mensal

Normalmente nossos encontros são relatados pelo Fofolão, com seu estilo inconfundivel, entretanto neste 1º de abril meu amigo não estava lá: foi ao encontro do seu milionário, recém descoberto, parente afastado.

Na falta do Fofolão...
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Mais um encontro do clube eroto-escatológico "Boys from Loyola - vintage", desta feita (como na anterior) no Barril, aquele estabelecimento que cresceu à sombra do finado Castelinho, e que hoje se dá ares de supra-botequim paulista.
Em lá chegando, notei um fato estranho: de um lado Le Bicón e Foguinho, e em outra mesa, todo mundo fingindo que não se via, Sá Rainha e o Tio. Idade é foda, os caras nem se lembram das caras dos amigos....
Enquanto conversávamos, na tentativa de dissuadir nossos amigos Le Bicón e Soares de criar uma nova dissidencia, que nos demandaria intensas confabulações para extinguir, (à semelhança do que dissimuladamente fizemos com o famigerado encontro do Bar do Polaco, quando conseguimos, através de artificios de vodu trazidos do Haiti por integrantes da tropa brasileira a serviço da ONU - ou da OEA? sei lá! - instituir a cizânia entre os sócios do dito empreendimento a um ponto que seria inimaginável sem a utilização de tecnologia tão avançada), notamos a chegada do Dr. Strange, circulando desorientado entre as mesas, sem conseguir reconhecer seus pares inacianos.
O homem passou batido pela mesa da natimorta dissidencia, e já ia passando pela nossa, quando, conclamado em altos brados, se aprochegou.
Finalmente esmagados pela superioridade moral e numérica da mesa-mãe, nossos desgarrados colegas se juntaram a nós.
O primeiro efeito positivo desta atitude foi a troca do vinho, de um varietal básico escolhido pelos dissidentes, passamos a um reserva da mesma estirpe. Mucho mejor!!
Enquanto isto, Sá Rainha esmerava-se em implicar com o garçon no quesito quantas doses de uisque foram servidas, e o Tio deleitava-se com caipirinhas várias. Num ultimo impulso de rebeldia, Foguinho pediu uma pizza à francesa, com pimentões estrategicamente espalhados por toda ela, só para me sacanear.
Dr. Strange reclama da proximidade do pianista, e me pergunta se eu não vi isto ao escolher o lugar: claro que vi, eu sou surdo, mas não sou cego!
Papo vai, papo vem, o assunto caiu em hospital (deve ser por causa da nossa idade). Dr. Strange nos deu a noticia de que a nova diretora do Miguel Couto é irmã do Japinha. Deste ponto em diante, nos envolvemos na discussão sobre a conveniencia de ele declarar amor eterno a um cara com o qual ele sempre cruza no Leblon, e que pode ser o próprio (Japinha, bem entendido). Com o estado dos neuronios comprometido por anos de frequencia assidua ao Bracarense e de cheirar anestésicos que sobram das suas cirurgias, ele não tem certeza de nada. Nem nós. Acabou que ele saiu mais cedo, pra ver o jogo da seleção: será que valeu?
Algumas ausencias notadas: Fofolão, claro; Fontes da Juventude, que anota assim sua terceira ausencia em quase oito anos de encontros, arriscando-se a ser retido na próxima reincidencia; Percebes, que disse que ia mas não foi; Robô, que ficou enrolando o Le Bicón no telefone até a ultima hora; Miudo, certamente em protesto pela não escolha do Azeitona (uma explicação: sempre que alguém passa mal depois de uns chopps, a culpa é da azeitona do pastel - eu só evitei Azeitona para preservar o bem estar da galera...): Filó, que agora, com mulher nova, anda muito seguro; o Polaco, impedido de sair pela generala, que o deixou de castigo porque não baixou a tampa da privada; Albuca, que desta vez furtou-se ao nosso convivio; Merenda, que passou mal com a mesma. E outros manés que resolveram dar uma de tucanos e ficar em cima do muro até uma decisão definitiva sobre o local dos encontros.
Tenho dito